É com imensa satisfação que venho através deste artigo apresentar a nossa nova Unidade de Negócios da Maplink, dedicada exclusivamente à Jornada da Descarbonização, fundamentada nos pilares de mensuração adequada das emissões de gases de efeito estufa, redução da pegada de carbono através do uso de soluções tecnológicas para otimização e planejamento de rotas mais sustentáveis e a compensação das respectivas emissões não evitáveis. Me chamo Rodrigo Giometti, sou o Head de ESG da Maplink e venho há alguns anos auxiliando transportadoras e embarcadores nas ações rumo ao atingimento de seus respectivos objetivos net-zero. Esta nova unidade de negócios era um desejo antigo do nosso CEO, que vem há tempos acompanhando bem de perto as novas tendências e regulamentações europeias no que tange a busca por uma economia de baixo carbono. Reconhecendo assim a extrema importância de trazermos essas melhores práticas ao Brasil, auxiliando nossos atuais e futuros clientes rumo a um futuro mais sustentável, com bastante atenção às regulamentações que exigirão inúmeras adequações no curto e no médio prazo. Ao longo desse primeiro artigo trarei um panorama do tema em países que já estão com leis bem estabelecidas bem como alguns conceitos importantes para as empresas que querem iniciar ou já deram os seus primeiros passos contribuindo para a realização dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) promovendo um futuro mais sustentável para todos.
Panorama Europeu x Brasileiro: Um Parâmetro de Sustentabilidade
A Europa tem sido um exemplo quando se trata de ESG (Environmental, Social, and Governance). Um componente central da estratégia europeia para a redução de emissões é o Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS – European Union Emissions Trading System).
Mas o que exatamente é o EU ETS e como ele se relaciona com a sustentabilidade? É um mecanismo de mercado baseado no princípio de “cap and trade”. Isso significa que a União Europeia estabelece um limite máximo (cap) para as emissões de gases de efeito estufa permitidas para certos setores econômicos. As empresas recebem ou compram permissões de emissão dentro desse limite. Se uma empresa reduz suas emissões e não usa todas as suas permissões, pode vender o excedente para outras empresas que estão acima do seu limite.
Esse sistema cria um incentivo financeiro para que as empresas reduzam suas emissões, pois as permissões de emissão podem ser negociadas em um mercado regulado. As empresas que ultrapassam o limite estabelecido enfrentam multas substanciais, o que reforça a necessidade de adotar práticas sustentáveis. Além disso, empresas podem compensar suas emissões adquirindo créditos de carbono em mercados globais, o que permite a redução de emissões fora do EU ETS, especialmente em projetos situados em países em desenvolvimento.
A Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD), que entrou em vigor em janeiro de 2024, é outra importante regulamentação. A CSRD exige que as empresas divulguem informações detalhadas sobre como suas operações afetam o meio ambiente e a sociedade. Empresas que não cumprirem essas exigências ou as implementarem de forma inadequada enfrentarão complicações regulatórias a partir de 2025. Essas empresas poderão enfrentar penalidades e sofrer perdas de confiança por parte de investidores e clientes que priorizam a transparência e a responsabilidade corporativa.
No Brasil, o Projeto de Lei (PL) atualmente em discussão e atualização, visa criar um mercado regulado de carbono no país. Esse projeto propõe um sistema de cap and trade similar ao EU ETS, estabelecendo limites para as emissões e permitindo a negociação de créditos de carbono. A legislação também incluirá requisitos de relatórios de sustentabilidade para aumentar a transparência e a responsabilidade das empresas. Essa PL tem o potencial de transformar o cenário ambiental no Brasil, alinhando-o com práticas globais e proporcionando um mecanismo eficaz para a redução de emissões.
A Pegada de Carbono: O Ponto de Partida
A mensuração precisa da pegada de carbono é essencial para qualquer estratégia de descarbonização. Para transportadoras e embarcadores, a elaboração de um inventário de gases de efeito estufa (GEE) através dos protocolos GHG (Greenhouse Gas Protocol) com a adição dos fatores atualizados constantemente pelo GLEC Framework (Global Logistics Emissions Council) tem se apresentado como uma dupla em que a acuracidade dos coeficientes apurados tem atendido os mais rígidos critérios globais.
De uma forma bem simplificada e para facilitar esse primeiro entendimento, os três escopos de emissão são:
Escopo 1: Emissões diretas das operações controladas pela empresa, como os gases emitidos pelos caminhões.
Escopo 2: Emissões indiretas da energia comprada e consumida pela empresa.
Escopo 3: Todas as outras emissões indiretas que ocorrem na cadeia de valor, como a fabricação dos veículos e a produção dos combustíveis, como esse escopo abrange uma vasta gama de atividades indiretas, o que torna sua mensuração e gestão particularmente difíceis.
Utilizando essas medições, podemos identificar as principais fontes de emissões e desenvolver estratégias eficazes para reduzi-las.
Reduzindo Emissões: Ação e Otimização
Reduzir emissões não é apenas uma necessidade ambiental, mas também uma vantagem competitiva. Soluções como as APIs de otimização e roteirização da Maplink desempenham um papel muito importante. Ao planejar rotas mais eficientes, conseguimos reduzir significativamente o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões de GEE. Temos visto muito se falar do Escopo 4, que refere-se ao carbono evitado, e que precisa ser mensurado adequadamente, tratado como um diferencial e reportado através de um lastro reconhecido pelas auditorias globais, aqui o uso de blockchain pode ser um grande aliado para o fortalecimento da prática dessa importante ação.
Além disso, a adoção de matrizes energéticas mais eficientes nos caminhões tem sido tema em constante debate. Caminhões híbridos, movidos a GNV (Gás Natural Veicular) e tecnologias drop-in são alternativas viáveis e imediatas, enquanto a adoção de veículos pesados totalmente eletrificados como uma solução de longo prazo, e que do ponto de vista financeiro necessitará de incentivos adicionais para se tornar uma realidade.
Compensação de GEE: Equilibrando a Balança
Após a acurada mensuração e ações efetivas focadas na redução das respectivas emissões de GEE, a compensação é um passo essencial no equilíbrio dessa equação climática. A aquisição de créditos de carbono de alta credibilidade, certificados por standards como UNFCCC e Verra, torna-se peça fundamental nesse complexo contexto da jornada da descarbonização.
Mas afinal de contas o que é um Crédito de Carbono?
Um crédito de carbono é uma unidade que representa a remoção ou a redução de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Esses créditos podem ser gerados através de projetos que evitam a emissão de GEE ou removem CO2 da atmosfera, como reflorestamento, conservação de florestas ou projetos de energia renovável. As empresas podem comprar esses créditos para compensar suas próprias emissões, contribuindo para a redução global de GEE e apoiando iniciativas sustentáveis.
E quais são as categorias de projetos mais conhecidas e que geram créditos de carbono:
Nature-based Solutions (NbS):
Soluções baseadas na natureza envolvem a proteção, restauração e manejo sustentável de ecossistemas naturais. Projetos NbS incluem atividades como o reflorestamento, a restauração de áreas degradadas, e a conservação de florestas e manguezais. Estes projetos não só capturam e armazenam carbono, mas também proporcionam benefícios adicionais como a preservação da biodiversidade, a melhoria da qualidade da água e a proteção contra inundações:
- Desmatamento Evitado (REDD+): Projetos que evitam o desmatamento e promovem a conservação florestal.
- Aflorestamento e Restauração: Iniciativas que envolvem a plantação de árvores e a recuperação de ecossistemas degradados.
Technology-based Solutions (TbS):
Soluções baseadas em tecnologia referem-se a projetos que utilizam inovações tecnológicas para reduzir ou capturar emissões de carbono. Estes incluem a geração de energia a partir de fontes renováveis, como a solar, eólica, e hidrelétrica, bem como tecnologias avançadas de captura e armazenamento de carbono (CCS). Projetos TbS são essenciais para a transição para uma economia de baixo carbono e frequentemente envolvem grandes investimentos em infraestrutura e pesquisa:
- Energia Renovável: Projetos que geram energia a partir de fontes renováveis, como solar e eólica.
- Captura e Armazenamento de Carbono (CCS): Tecnologias que capturam CO2 emitido por processos industriais e o armazenam em locais subterrâneos.
Esses créditos garantem que as emissões inevitáveis sejam compensadas por ações que removem ou evitam a liberação de CO2 na atmosfera.
Certificação Oficial de Compensação
Após a compensação de carbono, as empresas que adquirem créditos de carbono recebem um certificado oficial que atesta a compensação de suas emissões. Este certificado é emitido por entidades reconhecidas e contém informações detalhadas sobre a quantidade de carbono compensado, o projeto específico que gerou os créditos e a data da compensação.Esses certificados são uma prova de que a empresa tomou medidas concretas para neutralizar suas emissões de GEE e consequentemente, fará a divulgação das suas ações de ESG contendo um lastro confiável que incluirá número de série único, garantindo rastreabilidade e transparência, informações referente ao projeto apoiado, incluindo sua localização, tipo de atividade (NbS ou TbS) e os benefícios ambientais e sociais associados (ODS) bem como a respectiva data de compensação, atestando que os respectivos créditos adquiridos foram aposentados, garantindo que não possam ser revendidos ou reutilizados, e tudo isso disponível em uma URL pública no site da UNFCCC ou da Verra, dependendo do projeto escolhido pela empresa. Esses certificados são essenciais para a transparência e credibilidade do processo de compensação, proporcionando aos clientes e stakeholders a garantia de que as ações de compensação foram efetivamente realizadas e auditadas por entidades reconhecidas internacionalmente.
O Selo CO2 Neutro: Diferenciais de Exibição e Rastreabilidade
A Jornada da Descarbonização não termina com a mensuração, redução e compensação das emissões de gases de efeito estufa (GEE). O ato de comunicar ao mercado através da divulgação do Selo CO2 Neutro conquistado, representa o compromisso da empresa com a sustentabilidade e a neutralização de suas emissões. Este selo é uma ferramenta poderosa para demonstrar transparência e fortalecer o engajamento com as melhores práticas ambientais. Quando trazemos para a realidade da logística, vemos casos da aplicação do selo em cada veículo da respectiva frota da empresa, e através de QR Code customizado permite que qualquer pessoa, ao escaneá-lo, acesse informações detalhadas sobre toda a credibilidade das ações de ESG realizadas pela empresa, incluindo a quantidade de carbono neutralizado versus a quantidade que foi mensurado, a natureza dos projetos investidos, o certificado de aposentadoria dos créditos por entidades reconhecidas como UNFCCC e Verra e muito mais. Garantindo assim total transparência e reforçando a credibilidade da empresa perante clientes, parceiros e além disso, inspirando outras empresas a iniciarem a sua Jornada da Descarbonização, ampliando o impacto positivo na luta contra as mudanças climáticas.
A Jornada da Descarbonização: Um Compromisso Coletivo
Espero que esse primeiro artigo tenha elucidado um pouco mais sobre esse importante tema e reforçado as três etapas fundamentais rumo a um futuro mais sustentável: mensuração, redução e compensação.
Juntos, podemos liderar a transformação para um futuro mais sustentável, eficiente e responsável. Essa é a essência dessa nova unidade de negócios da Maplink, e a contribuição que esperamos entregar ao mercado nacional e internacional.